17/2/2009
Preço do boi cai, mas varejo não repassa

Nos últimos cinco meses queda da arroba foi de 15%; além de não se beneficiar da redução, consumidor paga mais caro por alguns cortes


Curitiba - Nos últimos cinco meses, o preço da arroba do boi, no Paraná, teve queda de quase 15% – de R$ 88,00 para R$ 75,00, entre 15 de setembro do ano passado e o último dia 12. No atacado, os preços também caíram nesse período. Nos supermercados, no entanto, o movimento teria sido inverso. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), divulgado ontem, que tomou por base preços praticados em Maringá, o consumidor, além de não se beneficiar da redução, vem pagando mais caro por alguns cortes de carne.
A pesquisa da Abrafrigo aponta que, nos frigoríficos, os preços dos dois cortes mais consumidos – coxão mole e patinho – tiveram reduções de 2,6% e 13,15%, respectivamente. O quilo do coxão mole baixou de R$ 7,70 para R$ 7,50. Já o quilo do patinho caiu de R$ 7,60 para R$ 6,60. Nos supermercados, que respondem por 70% da venda de carnes no varejo, o coxão mole subiu 9,7% (de R$ 13,63 para R$ 14,96 o quilo) e o patinho aumentou 11,2% (de R$ 12,94 para R$ 14,39), revela o levantamento.
Para o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar, o problema é que o varejo tem mantido suas margens de lucro muito elevadas – na faixa de 100% a 120%. ‘‘Se colocassem 50% de margem, venderia muito mais, a mercadoria giraria mais rápido, toda a cadeia sairia ganhando, inclusive, o consumidor’’, ponderou. Segundo ele, o comportamento do varejo é semelhante em todo o País. O varejo faz promoção de um tipo de corte de carne e mantêm os outros em preços elevados.
Segundo dados levantados pela Abrafrigo, a margem de lucro do varejo na venda do coxão mole era de 77%, em 15 de setembro passado, e passou para 99%, no último dia 12. No patinho, a margem se elevou de 70% para 121%, no mesmo período.
No caso de cortes mais nobres – como   filé mignon e contrafilé – o excesso de oferta por causa do recuo nas exportações para a União Européia, provocou queda no preço para o mercado interno. Mas, mesmo assim, segundo Salazar, o varejo manteve margens de 100%. Nos frigoríficos, o quilo do mignon caiu para R$ 10,00, R$ 11,00 e o contrafilé para R$ 18,00 ou R$ 19,00.
Salazar reconhece que o preço do boi continua alto. Antes dos reflexos negativos da aftosa no País, em 2005, a arroba era vendida por R$ 55,00. Com a redução dos plantéis, foi para próximo de R$ 90,00 e, agora, com a retração nas exportações, caiu para valores em torno de R$ 75,00 e R$ 77,00. ‘‘Esperamos que o preço continue bom para o produtor para ele se sentir estimulado a produzir mais para nós, frigoríficos. Mas, é preciso que os demais elos da cadeia tenham ação articulada’’, reforçou.

Apras rebate

A Associação Paranaense de Supermercados (Apras) contestou, em nota oficial, as informações passadas pela Abrafrigo, assegurando que ‘‘o varejo de alimentos tem repassado os valores na íntegra para os consumidores’’. Prova disso, seria o preço do mignon que, nas últimas semanas, era vendido por R$ 12,97.
Ainda de acordo com a Apras, duas grandes redes de supermercados, em Curitiba, pagaram, em setembro do ano passado, R$ 8,45 pelo quilo do coxão mole, valor que subiu 6,4%, passando para R$ 8,99, este mês. No caso do patinho, os supermercados registraram queda de - 8,1%, agora, em relação a setembro de 2008, e repassaram para o consumir essa redução, garante a Apras.

Fonte: Folha de Londrina

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