13/2/2009
Embarques maiores de carne amenizarão preços mais baixos

Os exportadores de carne bovina do Brasil ampliarão os embarques nos próximos meses com o objetivo de amenizar uma queda nos preços internacionais, em meio à crise de crédito que tem afetado o setor, afirmou nesSa quinta-feira um executivo da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne).
"Exportaremos mais volumes para ter a mesma receita", afirmou Otávio Cançado, diretor-executivo da Abiec, ao comentar os números das exportações de janeiro.
No mês passado, as exportações de carne bovina tiveram queda de 35% em volumes e de 45% em receita.
Mas essa não será a tendência para o ano, ressaltou o diretor.
Ele explicou que os números de janeiro foram impactados negativamente pela queima de estoques em países importadores, que compraram menos por falta de crédito. Além disso, a base de comparação com o mesmo mês do ano passado é forte - naquele período o mercado se antecipou às restrições impostas pela União Europeia em 2008 e realizou grandes embarques.
Vendo sinais de recuperação nas vendas de janeiro em relação a dezembro de 2008, Cançado conclui que a crise não é de demanda, e sim de financiamentos para operações de comércio exterior.
Por isso ele está confiante numa retomada mais forte nos negócios dos frigoríficos brasileiros, mesmo porque a oferta de crédito também não estaria tão baixa como no ano passado.
Ele citou como exemplo de retomada maiores volumes embarcados de carne in natura para Rússia (alta de 50% na comparação dezembro/janeiro), Hong Kong (6%), Itália (38%), Líbano (20%) e Holanda (66%).
As maiores exportações para esses importantes destinos, no entanto, foram feitas a preços mais baixos mesmo em relação a dezembro. Os russos, maiores importadores do produto do Brasil, pagaram no mês passado um preço médio de US$ 2.181 por t, contra US$ 2.610 em dezembro, o que sinaliza que os novos contratos estáo sendo fechados a menores valores.
A Abiec prevê para este ano um faturamento anual com as exportações entre uma estabilidade ou leve queda ante 2008, quando o setor obteve US$ 5,3 bilhões.

Esperança
Questionado se os exportadores não enfrentariam dificuldades para ampliar os volumes em meio à crise num ritmo capaz de permitir que a receita ao menos se aproxime da de 2008, Cançado afirmou que eventualmente os preços poderiam subir um pouco, diminuindo a necessidade de vendas externas tão maiores.
"Acho que até o final do primeiro trimestre vamos ter uma ideia do preço médio", disse o diretor, prevêndo uma retomada mais forte nos embarques a partir do segundo trimestre.
Cançado declarou ainda que as negociações estão encaminhadas para que países que compraram menos no passado voltem com mais força ao mercado brasileiro.
Ele estima que os chilenos, que retomariam até o final do mês as compras da carne brasileira, poderiam adquirir 100 mil t neste ano. A União Europeia, que comprou 100 mil no ano passado, com a ampliação das fazendas habilitadas poderia importar 200 mil.
O Egito, que o ano passado preferiu em geral comprar carne de búfalo da Índia, também está retomando importações do produto brasileiro, e a expectativa é de que os egípcios quase tripliquem compras do produto nacional ante 2008.
Além disso, ele ressaltou que uma redução no abate no Reino Unido e problemas de contaminação da carne irlandesa por dioxina poderiam abrir mercados para o Brasil em 2009.

Fonte: Invertia

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