11/11/2008
Projeto visa certificar boi orgânico no Pantanal

Pecuaristas de Mato Grosso do Sul apostam na criação de gado em pasto sem agrotóxico e adubação química para conquistar mercados na Europa, Estados Unidos e Japão, países com forte demanda pela carne do chamado boi verde. Segundo a Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO), além de ampliar o mercado para os brasileiros, esse tipo de produção tem um custo menor, tornando a atividade mais lucrativa.

Com foco nesse mercado, será lançado nesta terça-feira, às 7h30, em Campo Grande (MS), o projeto “Apoio à Certificação da Pecuária Orgânica no Pantanal”, uma parceria do Sebrae/MS e da ABPO.

Algumas propriedades rurais do estado já criam e engordam o animal em sistemas agroecológicos. Participam do projeto 16 fazendas pantaneiras, que, juntas, ocupam 87 mil hectares de terras e somam mais de 38 mil cabeças de gado. Dessas, nove já possuem certificação para produzir o boi verde. A meta é ampliar essa condição ao restante das propriedades em até um ano. O projeto também prevê um aumento de 20% do rebanho de gado certificado até 2010. Espera-se ainda a inserção da pecuária sul-matogrossense no mercado norte-americano.

“Os produtores vão receber apoio técnico, financeiro, comercial e sustentável para efetivar todas as mudanças necessárias. A legislação exige, por exemplo, que as propriedades tenham um protocolo interno de compromisso sócio-ambiental, envolvendo os funcionários na educação, cultura, lazer e preservação do Pantanal”, explica o gerente de agronegócio do Sebrae/MS, Carlos Alberto do Valle.

Além do interesse econômico de agregar valor à pecuária do estado, o incentivo ao boi orgânico, segundo Carlos Alberto, visa proteger a Reserva da Biosfera do Pantanal, a terceira maior do mundo. “Mato Grosso do Sul é o segundo maior produtor de gado do Brasil e essa é a principal atividade econômica na planície pantaneira. Se convertermos o rebanho na região aos sistemas de produção agroecológica, evitaremos os prejuízo ao ecossistema”, diz.

Sustentabilidade

Estudo da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM) mostra que em 2007 havia quase 31 milhões de hectares certificados como orgânicos no mundo, em mais de 100 países. A maior área está na Austrália, com 11,8 milhões de hectares. O mercado desses produtos cresceu muito principalmente na Europa e na América do Norte. Nos Estados Unidos a carne orgânica foi a que teve maior crescimento no setor: 51%.

No Brasil, a pecuária tradicional enfrenta a degradação de pastagens. No Pantanal, os impactos negativos são ainda maiores. Este cenário, segundo o consultor técnico da ABPO, Marcelo Rondon de Barros, demonstra o potencial de mercado para a carne orgânica. “A implantação da pecuária orgânica certificada traz a real possibilidade de se manter um sistema produtivo que permita a preservação do Pantanal”, defende.

Sistema agroecológico

A produção do boi orgânico vai além da cria e engorda do gado com sal mineral e em pasto sem agrotóxico e adubos químicos. Ela deve estar de acordo com a legislação ambiental do País e ser socialmente correta, respeitando também as leis trabalhistas, como registro dos empregados e a não utilização de mão-de-obra infantil.Também prevê a garantia de moradia aos funcionários das propriedades rurais, com água potável e fossa asséptica, e os filhos de trabalhadores devem freqüentar a escola.

Nos cuidados com a saúde do rebanho, são permitidas todas as vacinas para doenças, incluindo contra a febre aftosa. A prevenção é a palavra de ordem e os remédios homeopáticos são utilizados até mesmo contra moscas e parasitas.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias

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