8/7/2014 Carne: China e Arábia são mais importantes que EUA
Uma proposta para permitir a entrada de carne brasileira nos EUA, teria um impacto limitado sobre a dinâmica do mercado mundial, mas não seria o caso se a China e a Arábia Saudita seguissem o exemplo norte-americano.
Um plano americano foi revelado, dizendo que caso as exportações de carne bovina brasileira fossem liberadas para os EUA, o Brasil não conseguiria enviar grandes volumes, pois entraria no limite de cotas.
Na verdade, o Brasil terá de competir por uma parte da cota de 64,8 mil toneladas alocadas para outros países. Para a Nova Zelândia a cota compreende 213,0 mil toneladas. Já para Austrália são permitidas 408,0 mil toneladas.
Segundo dados da ABIEC (Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne), no primeiro trimestre de 2014, o Brasil exportou 6,03 mil toneladas de carne industrializada aos Estados Unidos.
Crítica
O impacto sobre a dinâmica do comércio mundial de carne, em especial, para a Austrália, seria muito maior se a China e a Arábia Saudita reabrissem o mercado para a carne brasileira. O comércio com estes países foi embargado em 2012 após o evento priônico atípico detectado no Paraná em 2012.
Em março de 2014, em Mato Grosso/MT, a inspeção pré-abate detectou a presença de sintomatologia nervosa em um bovino. As amostras de tecido nervoso foram enviadas para análise, das quais em meados de abril foi detectada uma marcação priônica atípica.
As restrições estimularam um aumento de mais de quatro vezes das exportações australianas de carne bovina para a China em 2013, totalizando 155,0 mil toneladas. Para a Arábia Saudita, as exportações ficaram acima de 30,0 mil toneladas pela primeira vez.
O Brasil tem potencial de abastecer esses mercados, uma vez que espera-se bater o recorde de 10,0 milhões TEC (toneladas equivalente carcaça) este ano.
O baixo consumo interno é suavizado pelo fraco crescimento econômico.
Esse fraco crescimento econômico pode ser notado através dos dados do Banco Central, os quais relataram que o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, cresceu apenas 0,6% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao último trimestre de 2012.
Segundo o economista Paul Deane, do Australia & New Zealand Bank, o acesso ao mercado de carne brasileira deverá ser crítico em 2014. Deane prevê um aumento de 400,0 mil toneladas, ou 17,0% das exportações totais de carne bovina da Argentina, Brasil e Uruguai este ano.
Questão sanitária
Agricultores norte-americanos tem receio da importação da febre aftosa, sendo esta uma preocupação central sobre a abertura das importações brasileiras.
Empresas de consultoria e economia relataram: "A febre aftosa não tem impacto sobre a saúde humana, mas é um flagelo para a indústria de carne bovina", causando perdas de rebanho e proibições de venda.
Peru, Egito e Irã embargaram as exportações de carne bovina brasileira do Mato Grosso, devido ao caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB ou BSE na sigla em inglês) de 2014.
Autoridades dos EUA disseram que a carne in natura pode ser importada com segurança de estados brasileiros que atendam as condições adequadas.
Segundo a OIE, Organização Mundial de Saúde Animal, o Brasil integra o grupo de risco "Negligenciável" para BSE, sendo este o mais seguro.
Fonte: Agrimoney. Traduzido e comentado por Milena Zigart Marzocchi. Zootecnista e consultora de mercadoda Scot Consultoria
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