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28/1/2014
Brasil diz que vai negociar com UE sem Argentina

O governo brasileiro está decidido a dar prosseguimento às negociações para uma zona de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE), mesmo sem a participação dos argentinos, que só entrariam num segundo momento. Existe grande expectativa sobre o que acontecerá na próxima sexta-feira, em Caracas, na Venezuela, durante reunião do Conselho do Mercosul Comum, quando a Argentina dará uma resposta sobre o tema. Segundo uma fonte, diante dos problemas enfrentados pelo país vizinho, o Brasil deve propor aos europeus que as conversas prossigam normalmente, para que o processo negociador não fique ainda mais atrapalhado.
Na reunião de sexta-feira, os negociadores do Mercosul terão de decidir se vão levar uma proposta única à UE ou se preferem encaminhar suas ofertas em separado. A ideia é que Brasil, Paraguai e Uruguai negociem sem a Argentina que, em um segundo momento, voltaria a participar da transação. Embora os argentinos prefiram negociar em conjunto, eles apresentam dificuldades para um acordo com os europeus, quadro que deve se agravar com a crise cambial no país.
Para o presidente do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), embaixador Rubens Barbosa, a reunião de Caracas será importante, pois marcará uma posição brasileira. Ele destacou que a Fiesp apoiará a decisão do governo.
- O Brasil não pode ficar refém da Argentina ou da Venezuela - disse o diplomata, que foi embaixador do Brasil nos EUA.
Não há como o Brasil negociar sozinho um acordo com a UE, uma vez que essas discussões têm como princípio um acordo entre dois blocos regionais. Até então, apenas a Venezuela estava fora das negociações, por ter entrado recentemente como sócio pleno. Para técnicos do governo brasileiro, Buenos Aires não demonstra boa vontade em melhorar sua oferta, tida como incompatível com a dos demais membros do Mercosul.
A proposta brasileira prevê a eliminação de 87% das tarifas de importação de produtos europeus. Uruguai e Paraguai defendem algo mais amplo, em torno de 90%. Já a oferta da Argentina estabelece percentual em torno de 80%. No entanto, a velocidade para a liberalização do comércio é bem menor do que sugere o restante do bloco sul-americano.
As negociações entre Mercosul e União Europeia começaram há mais de dez anos, mas somente em 2010 foram retomadas. Em fevereiro, os dois blocos voltarão a se reunir para apresentarem suas respectivas ofertas.
- Apresentaremos nossa proposta aos europeus, com ou sem a Argentina - disse uma fonte.
Essa fonte comentou que o governo brasileiro acredita que os problemas cambiais enfrentados pela Argentina e a Venezuela não vão contaminar o restante do Mercosul.


Fonte: jornal O Globo

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